segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Dona Tristeza



Apesar de ser um espaço de Alegria, tem vezes que a Tristeza chega assim mesmo, sem ser convidada. Entra, senta na poltrona da sala e ainda fuma cachimbo com ar de sabe tudo. Dessa última vez que apareceu não entendi nem bem porque veio. Tentei conversar com ela:

- Ô dona Tristeza, aqui não tem mais espaço para a Senhora não.


Mas ela não quis nem saber:


- Querida, também faço parte desse trem da vida. Por acaso você já viu vida sem chuva, tons escuros e trovão? Daqui você não me tira não.


- Certo. Mas eu prefiro pintar esse meu quadro de tons claros açucarados e esse seu tom sombrio musgo está brigando com a minhas cores brancas.


- Acontece que para formar esse branco assim tão Branco que você quer, vai precisar da minha cor também. E também das cores escuras dessas outras emoções aqui ó: FIUUUUU
!!!

Não é que a Danada assoviu? E com o assovio lá vieram as outras emoções: a Dona Raiva, a Senhorita Ansiedade, o Senhor Inseguro e o Célebre Medo. Meu Deus! Até a Madame Auto Estima Baixa chegou desfilando. Mas a pior de todas, que veio até de salto alto e pernas de fora, foi a Senhora Solidão.

- Ah não! Não sei se agüento essa Solidão.


Foi quando a Coragem (essa eu carrego no bolso) me puxou de lado e cochichou:


- É só juntar tudo no caldeirão.


E foi isso mesmo que fiz. Joguei todo mundo no caldeirão borbulhante das emoções e adicionei também Aquelas emoções que tanto gosto: Senhorita Alegria, Senhorio Coragem, Dona Calma, Senhor Auto-Valor, Madame Ventania e é claro, o tempero final: o elegante Senhor Amor.

Não é que a Dona Tristeza tava certa? Com esse ingrediente final, aquela pitada de Amor -`a la Mineira - a massa do caldeirão ficou mais Alva que o nome Clara. Dessa massa saborosa, fiz esse bolo que ofereço a vocês agora. A cereja do bolo fica por conta de vocês: será a sua Senhora Emoção favorita.

Ilustracão: Irisz Agocs

Um comentário:

Raphael Lima disse...

arrepiei!
muito bom e a minha cereja é concerteza o lugar profundo e certeiro onde nasço e morro na fé de que a dualidade da vida tem como princípio um Bem Maior que não tem paradoxo e gerou este movimento divertido dos opostos, que é um coisa muito séria e saborosa.
e o engraçado é que neste exato momento acabei de fazer um bolo de fubá que está quentinho no forno e que daqui a pouco estará frio... li uma coisa que me pegou esses dias e pra sempre, foi no i-ching e senti que tem haver talvez com a minha falação de agora ‘‘ nunca as mesmas flores, mas sempre a primavera‘‘, que inclusive se aproxima da gente por ai...
beijo e gratidão