terça-feira, 20 de abril de 2010

João e Julia

João queria conhecê-la do avesso, revirá-la por dentro.
Que vento és tu?
Que nuvem te desperta?
O que faz rir teu coração?

Para Julia, João era poesia, canto inesperado.

Julia era o mistério e João o vazio.

De qual flor vem o teu néctar?
Qual a cor do teu sentir?
E Julia sorria.
Gostava de sentir a respiração de João sobre seu peito.

João acariciou-lhe o rosto.
Fitaram-se...

e mergulharam um no outro.

O silêncio falava mais que a palavra.

No silêncio, um sonhava o outro.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Delírio



Já disse aqui o quanto gosto de dançar a dois. Dançar a dois pode ser (por vezes) pouco criativo para a mulher, afinal quem conduz a dança é o homem. Cabe a mulher se entregar feito flor do vento.


Outra noite, para a minha surpresa, encontrei um parceiro de dança desses raros que colorem o salão. Dançando com ele, virei bolha de sabão voadora, etérea... eterna.

Ele ousava no bailar, criava rodopios e eu me transformava em borboleta.

Como é bom ser arrebatada pela criatividade alada do outro.


Queria uma dança-delírio assim a cada lua.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Meditação e Lua

Sim, eu acredito no que disse o mestre Paramahansa Yogananda:

"Os alegres raios da alma podem ser percebidos se interiorizar a sua atenção. Você pode ter estas percepções se treinar a sua mente para apreciar o belo cenário de pensamentos no reino invisível e intangível dentro de você.

Quando você interiorizar a mente [na meditação] começará a perceber que há muito mais maravilhas no seu interior do que no exterior."
Paramahansa Yogananda em "Onde Existe Luz"


E por isso, lá fui eu para a cidade da chuva aprender a técnica de meditação da Kriya Ioga, na tentativa de um dia encontrar o Ser Divino cá dentro.


E digo a vocês, pode ser maravilhoso mergulhar no profundo de dentro. O ideal é realmente ter uma técnica ou prática que você se identifique e possa fazer com amor. Senão vira algo mecânico e sem vida.

Outro dia durante a meditação descobri que sou lua. Quando sou lua minguante ou a lua das sombras (lua nova) viro criança chorando pelo doce roubado, vítima indefesa no manto das lamentações. Achei graça, porque era como se estivesse me vendo de fora e todo aquele "drama minguante" causado pela mente era feito comédia.

Quando sou lua crescente: Ah! que sorriso branco nasce em mim! Me torno giro giro giro e danço pelas entrelinhas do momento.

Mas bom mesmo é quando consigo ser lua cheia: brota em mim a plenitude do plenilúnio. Sou rio fértil, nascente fulgurante, branco que se expande no infinito cósmico.