quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Dói em mim

Me faço de forte ao seu lado.
Mas é só sair de perto que viro enchente.

Dói escutar seus planos que não podem mais ser...
Dói em mim a sua dor .

Te sinto esvaindo como dente de leão ao vento.
Ainda não me acostumei com o vazio de você.

Sinto-me desvanescendo...
E quando acho que não posso mais,
meu amor por você me carrega.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Da dualidade do mundo



Para minha sobrinha Filipa


É assim:
num momento de dor nasce mais uma flor:
Filipa!

Tens boca de coração e
covinhas! Quantas covinhas!

Você nos traz vôo de céu azul.

Passarinha linda (Pipa),
que você possa bordar seu arco íris
por entre e além de nós.


Na foto: Felipa (Pipa!!!)

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A mulher que você é

É... Só via seus defeitos. Por muito tempo, só pude enxergar o que achava errado.

Mas agora vejo o quanto de você existe em mim. Daquela mulher em festa, livre, cheia de palavras prontas para voar. Demorei a entender a sua poesia.

Agora entendo.


Aquela mulher de beleza exótica, de humor rebelde e cheia de paixão.

Eu a enxergo.

E é dela que quero lembrar.
Da mulher cheia de sonhos, criatividade e inseguranças.


É de você que vem a minha arte, a minha inspiração.

De vocês.


Da mulher que ama o sol, da mulher de amores conturbados com artistas (e quantos artistas!), da mulher que seduz, da mulher forte que se despe em frágil.

Da mulher que ousa;, que é independente; que dança (e dança!); que aprecia a beleza do mundo; que percebe o sutil do mundo; que protege seus filhos feito leoa; que sofre com o triste do mundo.

Que aprecia o humor.


Essa é você em mim.


(Para a minha mãe)

Avalanche

Uma avalanche tomou conta do que eu chamava vida. Veio terra, rio, chuva, uma enchente avassaladora. Agora sinto tudo misturado. Percebo vagamente uma família que enlouquece aos poucos.

A dor é tão profunda que as palavras nem escrevem...


Me sinto apagando, virando fio sem tear.


Cadê o chão?

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Mãe para sempre

Esse é um dos meus poemas preferidos de Drummond
(poeta que mais amo).


Para Sempre

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?

Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

De Carlos Drummond de Andrade

Quero ser semente pequenina em colo de mãe.
Sempre, sempre.

Carta a minha mãe 2


Mãe,


Já tivemos tantas fases difíceis. Era um desafio superar as nossas diferenças. Mas no momento nada disso importa. Esse amor que sinto por você transcende tudo. Tudo mesmo. Como queria te libertar desse tormento. Queria mãe te dar a paz do olhar dos santos, a luz manga - tangerina do pôr do sol, e as flores das cores que você quisesse.

Queria ser bem mais forte do que estou sendo, estar todo dia ao seu lado. Mas tem dias que me bamboleam as pernas, me tremem as mãos e me desfaço em lágrimas como uma criança pequena. Porque essa criança que existe dentro de mim se desespera e sente medo de ficar sozinha. E de perder você, a minha primeira referência nesse mundo.

Escrevo mãe, para liberar tanta emoção e para lembrar de como você me ensinou a apreciar as palavras, a brincar com as letras, a voar na poesia. Em cada palavra minha tem você, em cada gesto meu, em cada olhar está você, junto, juntinho de mim.