quarta-feira, 29 de julho de 2009

Borboleteando



Voltei mais uma vez daquele lugar onde se canta para o Sol. E confesso que a cura dessa vez foi um tanto dolorosa. Doía os ossos, pernas, pés, estômago tudo ao mesmo tempo em uma tempestade sem fim. Eu era pura maremoto. Queria fugir dali. A minha inconsciência tentava resistir Aquela claridade que teimava em chacoalhar o pântano interno.


Lutei e relutei contra mim mesma, mas no final cedi aos cantos, desencantos e mantos de uma tenda do suor mágica, de um fogo sagrado que me fez cinzas e de uma roda de cura que me deu aDeus ou será que foi aDeusa do Fogo?

Cheguei lá, naquela montanha, largarta... e mais uma vez volto Borboleta. E agora borboleteio por aqui, por esse espaço, ainda inebriada de amor. Amor cristal que não se explica em palavras nem borboleteios, mas se vive.

E quem disse que não dói virar borboleta?
Tem vezes que o amor é TANTO que dói.

Ilustração: Nicoletta Ceccoli

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Receita de Hoje



Queria inflar o mundo de amor e estourar feito bola colorida, espalhando assim a seguinte receita para qualquer momento de crise, chuva ou tristeza:

gotículas de amor ao leite de moça

brigadeiro açucarado linguarudo
doce de leite que escorre na boca e lambuza
goiabada derretida com queijinhos travessos
quindim barrigudo, balas multi divertidas, pirulito encaracolado

saia rodada de menina saltitante
blusa sorvete de menino descabelado
tranças com fitas no cabelo
amarelinha gripada
pique esconde que acha
gato mia que encontra
pique pega que abraça.

Brincadeira, Doçura e Risada de Criança
que expressa, contagia e ilumina.


ilustração: Irisz Agocs

A Luz de Dentro



Quando está doendo muito dentro a minha primeira reação é querer fugir. Mas como se foge de dentro de si-mesma? Ou então... tento enfiar a cabeça na terra como avestruz.

Quando percebo que nada disso levou aquela dor embora, cavo um buraquinho dentro de mim atrás da Luz. Sim! Aquela Luz que todos os Grandes Mestres iluminados falam (repetidamente) que só se acha no Universo interno de cada um.


Confesso que tentei diversas vezes sem sucesso. Mas outro dia, assim sem mais nem menos, eis que ela vem ao meu encontro: a tão procurada Luz. Estava lendo o livro "O Poder do Agora" de Eckhart Tolle em um café, quando ao ler uma frase específica do livro me senti entrando em um novo estado de Consciência. Mas não foi um processo mental ou algo como uma idéia nova na cabeça. Foi um sentimendo profundo que me preencheu de calor (e que calor!), serenidade e amor. Me perdi naquele Sol interno por algumas horas- o Sol que muitos chamam de Ser ou Luz interior- e nessas horas me senti completamente viva e plena. Estava em total paz e queria gritar, dividir com o Mundo todo aquele Amor e Acolhimento que descobri dentro de mim.

No dia seguinte ainda estava inebriada pela aquela força de dentro que acabara de acessar, mas fiquei com medo de nunca mais encontrar aquela Luz de novo. No entanto, para o meu alívio descobri que depois que você encontra essa Luz de Dentro ela nunca mais te deixa. Na verdade ela nunca nos deixa. É a gente que A esquece nos baús empoeirados da vida.

Agora, quando a escuridão se aproxima e está tudo pesado demais no mundo de fora, eis que pulo para o meu buraco de Luz e transformo a Noite em Dia.


sábado, 18 de julho de 2009

Imagem

Eu cresci em um mundo de imagens. Quando mais nova ficava a dúvida se o que importava era Aquela determinada Imagem Externa, a Aparência, olhos, cabelos esvoçantes.... ou o meu mundo interno.

Aos poucos, com cada tropeço e uva farta da vida, fui percebendo que de nada adiantava o Sol daqui de FORA quando aqui DENTRO estava cor de nuvem tempestiva. Quando está escuro dentro não há gota de orvalho ou passarinho cantante que se salve. Chove dentro, suja e embaça o vidro do olhar que enxerga tudo lá fora.

Quando estou assim, viro os olhos- feito faróis- para dentro e encaro mesmo o que é que está acontecendo no redemoinho de emoções. Até porque já percebi que ao olhar aquele sentimento torto - aquele mesmo que não queremos sentir- ele se dissolve mais rápido feito aquarela na a água morna e vai ficando fraco... até virar Ar rarefeito.

E assim abre-se espaço para o Sol de Dentro brilhar fazendo tudo lá fora reluzir e virar gaivota solta no céu, mesmo na garoa.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Praia de Ipanema



É o sol beijando o meu rosto,
o mar azul vibrante, revolto e insaciável,
o céu límpido e fresco.

A bolas voam e dançam no ar quase em câmera lenta.
Ouço a música dos vendedores,
sinto a sensualidade de corpos quase nus que se esbarram,
o sal que cola na pele.
Borboletas amarelas insistem em aparecer
e se exibem esvoaçantes em um ballet sutil.
É uma mistura de sensações.
E quanta alegria de simplesmente estar.

Idéias

Vou montar um estande
lá na rua da Alfândega dizendo:
Vendo idéias!
Então, quando der Aquele Branco
Ou quando você já estiver cansado
das suas
idéias cinzas, já rígidas e mofadas
é só ir lá comprar uma idéia nova.

Hum... Mas qual era a minha idéia mesmo?

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Jabuticabeira - parte 2



Tem um passarinho de barriga amarela e gordinha que descobriu os prazeres da jabuticabeira da minha varanda. E todo dia ele vem desfrutar das rechonchudas jabuticabas dessa sorridente árvore.

Outro dia uma amiga me perguntou intrigada: como é que esta árvore travessa pode dar jabuticabas assim aos montes durante o ano inteiro? Pois não era para ela "dar" jabuticabas apenas uma vez ao ano ou na estação certa?

E foi então que a jabuticabeira me susurrou ao vento que antes de vir para cá ninguém usufruía da beleza de seus frutos. Ela sentia-se um tanto rejeitada e desperdiçada. Afinal tinha aquele talento inato de brotar frutas maravilhosas e trazer sua alegria ao mundo, mas ninguém parecia lhe dar muita importância.

Porém, agora, eu e o passarinho barrigudinho fazíamos dela uma jabuticabeira plena, que tem prazer em ser alimento para a nossa alma e doce fruta em nossas vidas.

Afinal, disse ela, a doçura abranda os momentos amargos e faz brotar suave o que há de mais verdadeiro dentro da gente.


Sobre histórias

Uma frase que ouvi outro dia:
"A estória deve ser um afeto."

E o que é a vida senão uma série de histórias
com afeto ou sem afeto?

Sobre Forró



Quem me conhece sabe o quanto eu amo o Samba.
Tanto o samba no pé quanto o elegante samba de gafieira.

Apesar disso, me declaro aqui ao forró.O forró pode parecer simples aos olhares desapercebidos e talvez ele seja mesmo. Talvez seja essa simplicidade que o faz ser tão delicioso de dançar.

O forró é visceral, é suor misturado com sensualidade,
giros rápidos e melindrosos que nos tiram do chão.
Dançar forró é sentir o outro, misturar-se na pele,
nos cheiros, na onda rítmica da música
e se deixar levar pelo rebolado dos quadris,
o queimar dos pés e os rodopios delirantes.

É o calor que sobe pelas pernas e invade todo o corpo.
É o êxtase do momento, onde a mente pára de pensar,
só para sentir a brincadeira dos passos,
A arte do momento.

Casamento(s) na Aldeia do Sol



Os casamentos que presenciei na Aldeia do Sol foram de rara e extrema beleza. E essa beleza não veio da "pompa", brilhos e paetês ou qualquer coisa parecida. A beleza veio do mais puro Amor, que exalava feito pétalas de rosas, dos gestos e carícias dos noivos. Era difícil não ser tocado pela magia do momento, pelo amor profundo que envolvia a todos e o êxtase absoluto da troca profunda e verdadeira.

Lá o Amor se fez presente como cachoeira prateada, guirlanda de flores nos cabelos das mulheres, choro e riso eclodindo juntos, cantando alto a felicidade de Casar-se. De fazer de dois = um.