segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Luiza - "Home Sweet Home"


Para Luiza

Minha linda Luiza, fico feliz em ver-te finalmente - depois de tanta espera cinza - nessa casa sua, ninho tão esperado de Amor. Entre a manta rosa quentinha, colinho de mamãe, risos de papai e carinho da Vovó coruja.

Que linda margarida tênue és tu, pegando o solzinho da tarde que bate da janela!
Meu coração palpita quando ouço o seu chorinho e lembro que agora já está no aconchego, na paz vibrante de sua conchinha familiar.

Essa sua titia se emociona ao te ver- mesmo de longe - e queria como pássaro esfuziante estar aí do seu ladinho. Te dando beijinhos pipocantes e cheirinhos cativantes. Luluca, beija-flor, bem vinda ao nosso Mundo amada flor.

ilustração: Irisz Agocs

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Noite

Hoje fez-se Noite em minha Alma.
Simplesmente Noite.

domingo, 23 de agosto de 2009

Descompasso



Meu coração frágil se despedaça com qualquer areia bruta que jogam em cima. Murcha feito tâmara seca. Seca como azeitona ao sol. Fica quebradiço, torto, vira boneco de pano passando de mão em mão.

Sei que és sensível coração, mas há de haver um jeito de não ser tanto trovão. De não ter tanta Areia fazendo algazarra, tanta Asa levantando poeira, tanta Tinta sangue sendo derramada, tanto Vento frio sendo furacão descabido dentro de ti. Há de haver uma solução para tanto não, para tanto alvoroço dolorido. Um respiro para que essa onda não te afogues; uma margem para que esse rio caudaloso não te arremesses para tão longe de si-mesmo.

Ainda há raio de sol, luz que não se esvazia, parte tua que não pode ser suprimida. Ainda há pranto que vira canto, música sua, voz sua em seu recanto. Espaço só seu, debaixo da lua, do seu tambor ritmado, onde és quente, és sua própria melodia mesmo num tum- tum descompassado.

Ilustração: Irisz Agocs

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Mãe


Para minha mãe, que hoje completa mais um ano pertinho de mim

Só agora pareço começar a apreender o que é ser Mãe.

Sim, porque quem disse que é possível compreender
o que é ser Mãe em poucas palavras roucas?

Para mim Mãe é cobertor que aquece,
envolve e protege o filho.
Manta de luz quente
que ama feito estrela infinita,

mas sente a dor do filho
quando esse chora,

cai um pouco por dentro
quando ele cai,

para depois pegá-lo firme no abraço
e
mostrar-lhe a vida como novo tear.

Mãe é novelo de lã que aquece
É lua que acolhe no olhar
Mãe é canção de ninar
É puro sorriso quando
vê o canto branco do filho.

Mãe que vê filho ferido,
vira leoa furiosa,
espinho de rosa
pronta para saltar.

Mãe se entrega feito flores do campo,
Se perde como feixes de luz,
Se reencontra como margarida,
e nunca desiste de salvar os filhos
com harpa angelical e sorvete de avelã
Afinal, diz ela: sempre há o amanhã!

Mãe é "Amor de Mãe" que só as mães entendem.

Mãe é contradição de sentimentos
pulsar de amor desmedido
coração palpitante que vibra,
crescendo junto com cada nova pétala do filho.

Ilustração: Irisz Agocs

sábado, 15 de agosto de 2009

Sobre Amar

Para Tomás e Natasha,

Uma vez uma pessoa muito próxima a mim, que passava por uma provação de vida altamente dolorosa e desafiadora, olhou para o seu companheiro e marido que estava ali ao seu lado, abraçando a sua mão, diante de um hospital cinza e choroso e disse:

- Amor, eu te amo tanto que dói...dói o coração.

E com uma lágrima, aprendi que Amar pode ser assim:
tão infinito que dói.

Fotografei aquele momento na Alma
e desde então nunca mais fui a mesma.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Sonho Prata


É tanto espinho...

Mais uma vez meu corpo físico esmorece, tamanha briga aqui dentro. O coração sente-se mais do que pronto para viver seu Sonho Prata, pronto para fazer-se preenchido.

Mas partes minhas - cá dentro - resistem tal felicidade como soldados de chumbo. São resistências medrosas que cismam em me proteger. Pois tem medo da perda; da dor; da queda; da falta do que foi; da ausência do que não foi; da separação constante; de ser frágil e quebrar; do despir-se em silêncio; e principalmente da entrega espontânea.


E assim faz-se a guerra. Meu corpo se cansa de tanta discussão - afinal cada parte tem a sua razão - e segue perdendo seu vigor, sua tez, seu brilho espelhado.

Nesse tear quebradiço é preciso cantar. Cantar para a estrela, pedindo
emprestado seu brilho cândido até que eu recupere esse meu. Também peço emprestado em tal canto o sorriso dessa lua fio, o queimar desse Sol alumínio e o bater de asas dessa flor, até que os possa encontrar novamente em meus próprios encantos.

Sem prantos, nem enganos. No meu próprio canto.


ilustração: Irisz Agocs

O Amor...

O Amor veio ligeiro...
Suave feito seda delicada
acariciando a pele fina.

Aos poucos me enredou com seus trejeitos,
me encheu de enfeites doces (sucre!)
me encantou com seus encantos.

E o melhor foi o presente:
bisous`a la francesa!

Alma selvagem e arredia
é essa tua.
És alma da terra,
fogo incessante voando
entre cavalos alados

Alma que chega cuidadosa,
cheia de prumo e beleza.
Tu vens como brisa quente

e me aquece em abraços sutis.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Botão de Rosa


Para minha sobrinha, Luiza

Luluca,

És como botão de rosa que luta para crescer formosa. Cada chorinho dengoso seu - assim do seu jeitinho- cada mamada leite-mãe bem aceita faz esses corações nossos palpitar de emoção. Nossos olhos brilham feito vaga-lume na escuridão com cada nova nota que você nos traz. Queremos mesmo ouvir seu cantar passarinho alegre, longe de anseios e fios vagarosos que te enroscam.

Meu peito por vezes se entristece por vê-la ainda dentro do que eu acho ser uma bolha transparente de emaranhados incertos.

Mas que boba essa minha tia! Não vê que eu, Luluca, sou agora passarinho engaiolado que colore suas virtudes para logo poder voar?

E quero lhe informar titia que vocês adultos vêem tudo trocado. Pois isso aqui é Castelo Encantado de Cristal, cheio de luzes coloridas que me acolhem, me afagam e me beijam. Aqui, no meu Ninho Cristal aprendi que sou coragem, sou amor, sou pássaro descobrindo seu cantar.


Não tenha pressa minha titia, pois lembro a ti que já sou flor.
Daqui a pouquinho... logo logo
Viro beija-flor.


Foto: Manoel Bueno

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Sobre a Poesia dos Blogs

Que bela surpresa é esse mundo Daqui; cheio de poetas, palavras espiraladas, artistas de diversas notas, música arco-íris que dança sob meus olhares, fazendo voar alto meus pensamentos, emocionando até as mais insensíveis flores despetaladas.

Varo a madrugada anêmica lendo sonhos líricos, palavras encantadas e gosto doce de ninar. Me inspiro e me regozijo na poesia de tantos outros. Como uma onda tênue, a poética me engole, me deixando tonta, aérea. Abraço-me na ternura das palavras bailarinas, leves feito pena de pássaro solto. Sinto a beleza que delas provém, o cheiro ocre suave. Através delas, nasce dentro de mim sentimento cabreiro, que pulsa e quer sair livre, selvagem, puro lírio solto no jardim das expressões.

Dona Tristeza



Apesar de ser um espaço de Alegria, tem vezes que a Tristeza chega assim mesmo, sem ser convidada. Entra, senta na poltrona da sala e ainda fuma cachimbo com ar de sabe tudo. Dessa última vez que apareceu não entendi nem bem porque veio. Tentei conversar com ela:

- Ô dona Tristeza, aqui não tem mais espaço para a Senhora não.


Mas ela não quis nem saber:


- Querida, também faço parte desse trem da vida. Por acaso você já viu vida sem chuva, tons escuros e trovão? Daqui você não me tira não.


- Certo. Mas eu prefiro pintar esse meu quadro de tons claros açucarados e esse seu tom sombrio musgo está brigando com a minhas cores brancas.


- Acontece que para formar esse branco assim tão Branco que você quer, vai precisar da minha cor também. E também das cores escuras dessas outras emoções aqui ó: FIUUUUU
!!!

Não é que a Danada assoviu? E com o assovio lá vieram as outras emoções: a Dona Raiva, a Senhorita Ansiedade, o Senhor Inseguro e o Célebre Medo. Meu Deus! Até a Madame Auto Estima Baixa chegou desfilando. Mas a pior de todas, que veio até de salto alto e pernas de fora, foi a Senhora Solidão.

- Ah não! Não sei se agüento essa Solidão.


Foi quando a Coragem (essa eu carrego no bolso) me puxou de lado e cochichou:


- É só juntar tudo no caldeirão.


E foi isso mesmo que fiz. Joguei todo mundo no caldeirão borbulhante das emoções e adicionei também Aquelas emoções que tanto gosto: Senhorita Alegria, Senhorio Coragem, Dona Calma, Senhor Auto-Valor, Madame Ventania e é claro, o tempero final: o elegante Senhor Amor.

Não é que a Dona Tristeza tava certa? Com esse ingrediente final, aquela pitada de Amor -`a la Mineira - a massa do caldeirão ficou mais Alva que o nome Clara. Dessa massa saborosa, fiz esse bolo que ofereço a vocês agora. A cereja do bolo fica por conta de vocês: será a sua Senhora Emoção favorita.

Ilustracão: Irisz Agocs