domingo, 23 de agosto de 2009

Descompasso



Meu coração frágil se despedaça com qualquer areia bruta que jogam em cima. Murcha feito tâmara seca. Seca como azeitona ao sol. Fica quebradiço, torto, vira boneco de pano passando de mão em mão.

Sei que és sensível coração, mas há de haver um jeito de não ser tanto trovão. De não ter tanta Areia fazendo algazarra, tanta Asa levantando poeira, tanta Tinta sangue sendo derramada, tanto Vento frio sendo furacão descabido dentro de ti. Há de haver uma solução para tanto não, para tanto alvoroço dolorido. Um respiro para que essa onda não te afogues; uma margem para que esse rio caudaloso não te arremesses para tão longe de si-mesmo.

Ainda há raio de sol, luz que não se esvazia, parte tua que não pode ser suprimida. Ainda há pranto que vira canto, música sua, voz sua em seu recanto. Espaço só seu, debaixo da lua, do seu tambor ritmado, onde és quente, és sua própria melodia mesmo num tum- tum descompassado.

Ilustração: Irisz Agocs

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