quinta-feira, 30 de abril de 2009

Orquestra Voadora


Foi morando na neve, no frio seco, na tempestade invernal
de Nova Iorque que eu realmente descobri o quanto amava o samba,
o requebrar dos quadris, a música de raiz.


As cores, a melodia e o caos arrebatador da Lapa.

E outra noite, lá mesmo nessa Lapa efervescente
,
tubas, saxofones e instrumentos de sopro se juntaram em uma melodia sem fim, um contaminar dos ouvidos e do corpo
que fazia reverberar até a última penugem da alma.

Na luz amarela, meio penumbra,
os intrumentos refletiam só dourado
e a felicidade do sopro cantado,
do êxtase musical que não se explica,
só se sente e expressa.

Temporal



Tem umas pessoas que passam pela minha vida
que são mais rápidas que rajada de vento.

Umas vem como temporal, uma tormenta ágil e nebulosa.
Essas me cutucam, me bagunçam, me viram de cabeça para baixo.
Outras vem como brisa quente do mar
...
e me aquecem, me rodam, me acariciam.

Em um momento estou com elas,
mas logo, com o quebrar da onda, elas se vão.
E confesso que algumas vezes já quis segurá-las,
como se as minhas partes - partidas, perdidas-
estivessem indo embora junto com elas.

Respiro fundo e percebo agora
que partes delas ainda estão comigo,
vibrando como nuvens que passam,
mas deixam seus desenhos brancos e fluidos.

Então digo a elas: Vai temporal!
Passa pela minha vida
com seus relampeios e ventos tempestuosos,
e deixa o seu cheiro de terra molhada.

Violino Delirante- Nicolas Krassik


Ouvir o violino delirante do Nicolas Krassik, junto com todos aqueles músicos maravilhosos que tocam com ele, é um "Manjar dos Deuses." É um furacão musical, um terremoto sem fim, um estremecer de todos os sentidos...quase um êxtase coletivo. Eleva o humor de qualquer um, levanta as saias do salão e me faz sentir perto do céu.

Tempo



Antes contava o tempo como horas trabalhadas,
rotinas cumpridas.
Agora já não sei mais defini-lo...

Vou me deixando levar pelas vozes das horas

os amores dos segundos
o apalpar dos minutos.

Manifestação



Eu fico olhando para o ar,
tentando perceber o que o tempo
quer me dizer.


É como se estivesse tudo em suspensão
e eu me silencio tentando escutar.

Ei?


Por vezes escuto quase um sussurro,
balbuciando palavras.

É comigo?


O susurro aumenta e uma voz sem fim

/assim sem mais nem menos,
sem autorização prévia ou lógica que se explique/

se manifesta em meu caderninho
de lápis cansado e canetas voadoras.

domingo, 26 de abril de 2009

Bate Papo

Estou feliz de estar aqui com essa música e amigos queridos.
O clima é de bate-papo sem fim.
O resto é consequência.

Festa Ploc




A Festa Ploc é melhor que chiclete Ploc (viva os anos 80!).
É uma viagem no tempo, de volta`a infância perdida.
Com direito a risadas, Bozo, Paquitas, unidunitê e ilariê!
Um retorno`a inocência.

sábado, 25 de abril de 2009

Pézinho de neném


Para Vivi, Pedro e a neném mais fofa: Rafaela!

Para aquela neném os seus próprios pezinhos
pareciam ser um Universo Inteiro.

E quem disse que não é? A gente é que cresceu...
e esqueceu.


De repente vem aquele chorinho tão pequenino quanto ela: "Uéee"

E a mãe tenta adivinhar
o que o seu pinguinho está dizendo, expressando
ou será cantando?

O pai adora o cheirinho dela.

E quando ela abre um sorriso: Ah! Qualquer lugar vira arco- íris
!
E a vida uma doce fábula.

Como útero de mãe



A fazenda da minha avó é como um útero de mãe
que cuida, nutre e bota no colo.
Quando volto de lá, tudo parece verde e margarida,
quase de brinquedo.

E aí me lembro que é isso mesmo:
uma vida- arte.

Cor

Eu troco a cor do cabelo
como uma cobra que troca de pele

e renasce.

Cores diferentes expressam estados internos

ora vulcânicos e cheios de lava,
ora plácidos como água cristalina.

A cada cor me redescubro.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Mágica do Agora



Quando criança, eu tinha um reino mágico e encantado dentro da minha cabeça, uma imaginação fértil que voava como borboleta. Era difícil,`as vezes, distingüir a fantasia da realidade ou descer de vez para a Terra, porque a fantasia me parecia tão mais atraente...

Depois vieram as nuvens sombrias da adolescência e junto delas eu achava que aquele mundo criativo estava para sempre perdido nas memórias aladas da minha infância.

Eu não sabia que como adulta eu descobriria um mundo ainda mais mágico e encantador, um mundo que nem mesmo a minha criança ousaria sonhar.

E que vontade de compartilhar um pouco desse mundo com aqueles de coração aberto.

Brincando com um verso de Drummond: "eu não sabia que minha vida adulta era mais bonita que a de Robison Crusoé."

Templo do Vale do Sol e da Lua



Nessa semana tive mais uma noite mágica no Templo do Vale do Sol e da Lua. Cheguei lá, cabisbaixa e emocionalmente exaurida, depois de uma semana bastante difícil. Quando chegou a hora da minha consulta, a entidade já veio logo falando:
--- Já sei, nem precisa falar nada. Vamos trabalhar!

A partir daí conversou comigo por um bom tempo, com muito humor, ginga e linguajar próprio. Demorei para compreender algumas mensagens, mas ele as repetia sem pressa. E assim ele me disse muitas verdades sobre mim mesma e conselhos que eu estava precisando ouvir.Uma frase que não esqueci:
--- Você está focando só no resultado, enquanto o que importa nessa vida é o caminho.

E então, depois de muito falar começou a fazer um trabalho de cura profundo comigo. No início chorei e foi mais difícil, porque tive que mergulhar fundo na ferida aberta que carregava. Mas depois de algum tempo senti sair do meu coração (assim mesmo como se fosse mágica) todo aquele conteúdo emocional pesado e triste, que já não me servia mais. Demorei um pouco para entender que tudo aquilo realmente tinha saído de mim e já não doía mais o peito.

Que leveza! Que transformação!
Saí de lá dançando, esfuziante e rodopiante.
Como sou feliz de ter acesso a um espaço de cura, luz, tão forte e verdadeiro como esse templo.

Salve as noites de magia!


"Luz que refletiu na Terra
Luz que refletiu no Mar
Luz que vem lá de Aruanda
Para tudo iluminar"

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Término



Quando um relacionamento acaba o sentir chora chora chora...
E quase se afoga.

No início queríamos descobrir os mistérios do outro, entre vales e montes de dizeres e mãos. Corríamos soltos como num filme feliz e dançávamos a valsa viennense.

Mas veio o outono de folhas amarelas. E a cada folha que caía o nosso olhar se perdia. Não tínhamos mais a mesma direção, o mesmo gosto do encontro, dos beijos, da emoção compartilhada.

E eu me perguntava: mas não era até o fim da vida? Não era você o escolhido? E como viver sem o roçar da barba, o entrelace de mãos e o pulsar dos sentidos?

Já não sou mais quem eu era.
Sinto meu coração esvaziado, sem ar, ofegante.
Quase me afogo nas águas desse rio partido.

Até que vem o luar quente da noite
e passo a enxergar no espelho da minha alma,
lá no fundo empoeirado -- você.
E me sinto renascer, pronta para a serenata do agora.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

O Medo da Perda



A tristeza corta o coração, rouca.
Sem saber quem fica ou quem vai

Mãezinha do céu,
como pode vida e morte
dentro de um ventre?

O temor da perda enrijece.

Mas o calor de quem ama
derrete o peito gélido, já sem cor.
Traz rubor e esperança
de uma saída,
de um vôo leve como gaivota

terça-feira, 14 de abril de 2009

O outro



Eu me dissolvo no outro
como gota d'água que se desfaz
no mais simples contato

E fico sem saber
onde termino
ou começo
Perdida, no universo infinito do outro

De quem são essas partes e cores?
O outro vai
E eu fico...

Tentando me redescobrir
nas sombras das horas,
nas luzes da noite.
No que me toca
e me faz viva

Plenitude



Vai! Pega na minha mão e me faz plena!
Assim desse jeito mesmo.

É tão simples.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Minha Vózinha


Para minha Vózinha


A minha vózinha ia amassando as bananinhas no prato enquanto falava. E eu me lembrava de quantas bananinhas ela amassava para mim quando criança. E de quantas outras demonstrações de amor ela já me deu, assim, do jeitinho dela.

Quando olho para a minha vózinha vejo uma mulher forte, decidida, raio e trovão em uma só. Você não quer dizer nada que a deixe preocupada, mas lá vai ela: uma águia, já vendo de longe o que os outros nem sequer pressentiram.

E quando ela quer, é mais doce que doce de leite, algodão doce e leite condensado juntos! E ainda abraça os netos como se abraçasse o mundo.

Te amo vózinha!

Gangorra




O entregador do mercado
sempre vem com as entregas
e os olhos tristes, baixos.
E eu fico pensando em um monte de frases
clichês que poderia lhe dizer:
amanhã melhora... ou tudo passa...
Mas acabo ficando no silêncio.

Afinal, não é assim mesmo?
Subindo e descendo na gangorra do mundo,
vamos descobrindo aquela roupa, sentimento, peito doído
que nos cabe melhor.

Entre anseios, dúvidas e lírios,
sou`as vezes flor florida
outras, flor ferida.

Alinhamento Energético e a Borboleta na janela



ALEGRIA! Esse é o mantra do grupo de Alinhamento Energético que venho freqüentando há alguns anos. Foi por isso também que quis dar o nome desse blog de Alegria. O alinhamento energético é uma terapia que veio dos índios xamãs do Sul do Brasil e que vem se espalhando também por outros países como Alemanha, Áustria e Espanha.

Não tinha como eu não falar dessa técnica terapêutica maravilhosa, que vem ao longo desses últimos anos, me transformando profundamente e trazendo muita, mas muita alegria mesmo para a minha vida.

Há umas semanas atrás fiz uma sessão individual de Alinhamento Energético. No dia seguinte de manhã, para a minha surpresa havia uma borboleta amarela e preta dentro do meu quarto. A borboleta para os xamãs é a grande mágica do universo, simboliza transformação, leveza e beleza.

Depois de um tempo, vi que a borboleta tentava sair do meu quarto, e apesar da janela estar aberta até a metade, ela cismava em tentar sair pela parte fechada.

E então percebi o quanto eu era aquela borboleta: querendo sair, querendo ser completamente livre voando pela vida, mas me debatendo contra os vidros fechados, contra emoções que não podiam mais ser contidas, num eterno girar sem fundo e sem fim.

Sendo assim, peguei a borboleta delicadamente com os meus dedos e levei, a borboleta e a mim mesma, para a parte aberta da janela.
Ela voou ligeira e flutuante e eu fui com ela... etérea, borboletando pela janela aberta da vida.


(site do alinhamento energético: fogosagrado.net)


segunda-feira, 6 de abril de 2009

Dançando



Lá fui eu para a minha aula de samba de gafieira toda animada para descobrir que ela tinha acabado por falta de alunos! Poxa!!! Que triste...

O jeito foi tentar uma aula de dança de salão que tinha acabado de começar e que eu já conhecia o professor. No início da aula eles estavam ensinando o bolero, um tipo de dança que tenho que confessar que achava chatíssimo.

Começei a me perguntar o que estava fazendo ali, quando o professor colocou uma música linda, do Tom Jobim e Vinícius, e começou a dançar lentamente com o seu par. Aos poucos, os dois deslizavam pela sala, leves como o vento mas com o vigor de uma onda que quebra na areia. Fiquei toda arrepiada. Aquela música e a maneira que os dois dançavam era emocionante.

E aí eu entendi... Não importa o tipo de dança, mas o dançar com alma.

A Fazenda do meu bisavô


Foto: Ana Dantas

São muitas as lembranças doces que guardo da fazenda do meu bisavô...

Eu cresci entre o verde da fazenda,
entre a zebra, o elefante e animais coloridos de lá.
A subida nas árvores, o comer milho queimado com o meu irmão
na fogueira improvisada do fim de tarde.
A escalada no morro, a subida no telhado,
pegar cenoura na horta, galopar com os cavalos,
o banho de cachoeira, a visita das araras,
todas as crianças gritando para o macaco do açude:
"Macaco de bunda vermelhaaa!"
O macaco correndo atrás da gente,
a charrete com a gente em cima,
o salão de jogos e as brincadeiras,
o banho de piscina,
o olhar para as estrelas,
a sessão de filme noturna,
assistir as escolas de samba enrolados no edredon,
a bagunça do quarto dos primos: "Gato Mia!"
Chupar jabuticaba do pé da árvore, comer a goiaba amarela e bichada,
a pitanga amarga da árvore que eu já alcançava!
Flores, eu colocava no cabelo.
`As vezes, ia ver as rãs nos poços, os porcos rosados
e os pintinhos correndo pela terra seca.
E tinha também a pesca no açude,
o dar capim para a Rosa,
que com a sua tromba enrugada e macia
molhava a gente com água.
A comidinha caseira da horta,
o tobogã da piscina, a família junta,
a farra dos primos,
comer lentinha e pular com o pé direito do sofá
na passagem do ano.
O friozinho da serra, a música da natureza
e a certeza de que, sim,
a vida faz muito sentido.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Orvalho



Quando um relacionamento acaba, a gente só olha o que não foi
E quem disse que havia de ser diferente?
Quem disse que não era para ser o que já havia sido

Entre todos os amores vividos
espero sempre ter colhido
o orvalho pequenino
que me enche de sentido

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Lui Fontes e os Poetas Marginais



Há algumas semanas ouvi o meu tio, Lui Fontes, contar histórias da juventude dele com o Cacaso. Ele falou da época em que começou a escrever poesias, como conheceu o Cacaso e como foi surgindo o grupo dos poetas marginais, do qual participou.

E aquilo mexeu comigo... Pensei: que vontade de viver nessa época em que havia todo esse movimento poético e esse grupo interessado em escrever poesia a qualquer custo, em expressar tudo aquilo que vem de dentro...

E eles não se preocupavam em publicar livros, ganhar dinheiro ou qualquer coisa do gênero. O que os poetas marginais queriam era criar, como loucos sem amanhã, vivendo o intenso ritmo do agora.

Por isso, agora, bebo dessa fonte abundante e devoro alguns desses poemas, para quem sabe mais tarde, no raiar da maturidade, eu possa me reinventar com as palavras poéticas do que já se foi.



Meu amor de Soslaio

Faz tanto calor no Rio de Janeiro
Que é bom sentir essa neve
partir do seu olhar

Lui Fontes


Caso Pernambucano

Danou-se
ou foi história de trancoso
Oxente
e eu sei?
sei não

e contou o caso

Lui Fontes

Armação de Búzios

noite quente
os mosquitos mordem
e a morena não
Lui Fontes

Separação

A mesma porta que bate
com violência
Pode ser fechada
com delicadeza
Lui Fontes

Boemia de nós dois

a gente sempre chega antes
e sai depois
Lui Fontes


Poesia

`As vezes escrevo.
O resto eu vivo.

Lui Fontes


Alívio




Eu vivo vagando, voando
Chego perto das estrelas e quase me cego
Volto
e mergulho fundo nos oceanos das águas perdidas

O tempo vem, vai
É e já não é
Flui, trava
Dói o coração

Mas logo volta a pulsar novamente
No verde branco da vida.
Escondida,
eu me balanço na rede
em um vai e vem sem fim

E busco o alívio nas flores
Na poesia da vida
No respirar da manhã

Corda Bamba



Eu quero ser uma artista errante, sem eira nem beira
Quero me expressar sem medo, sem rumo, sem porquê e sem razão
Quero viver como na corda bamba, no equilíbrio e no topo da vida
Quero sentir , amar e me libertar, tal qual cão sem dono
Como a brisa na relva, o simples de fato.
Um turbilhão de idéias e criações saem dos meus poros, pele
Das partes mais íntimas do meu ser.

Ah, eterna vida!
Abraça-me e ensina-me a encontrar a sua luz
na eterna corda bamba de mim mesma

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Vik Muniz: ensina-me a ver arte onde eu jamais sonhei!



Como expressar tudo o que senti ao ver a exposição do Vik Muniz no MAM? É difícil, mas vou tentar ... Retratos, fotos e imagens feitas do lixo, da poeira, do acúcar, do chocolate, do diamante. Imagens belíssimas criadas do que consideramos feio, sujo, do que rejeitamos do que não vemos ou não queremos ver. Ao mesmo tempo, imagens do que é gostoso e doce (feitas de chocolate e acúcar) do que consideramos belo e caro (diamantes e caviar). Vik Muniz obrigado por me inspirar e me tocar profundamente! E principalmente, por me fazer perceber que a arte está em todo o lugar, até mesmo no pó da poeira.






Vik Muniz!
Me arrebata, me inspira
Me tira do meu chão.
Me traz de volta para mim mesma, perplexa, perdida,
Mostra-me o outro lado do feio
Do sujo, do lixo, das minhas partes que não quero ver
Mostra-me a doçura, o açúcar, a poeira da vida

Ah, Vik Muniz!
Mostra-me esse mundo novo
que só você parece ver!
Antes que eu me perca nas palavras
e nessa avalanche de criatividade repentina,
ensina-me a sentir o mundo
de cabeça para baixo





Finalmente a livre expressão!



Faz tempo que meu coração me pedia loucamente para criar um blog... E nada! Mas hoje: eu consegui! E não foi por falta de tempo ou por questões tecnológicas ou qualquer coisa do tipo. Não, não foi nada disso. Foram mesmo questões internas e inconscientes, que nem mesmo eu entendia direito, que me impediam de começar a escrever sem limites, sem prazo, sem razão. A minha mente pensava: será mesmo que eu posso? Escrever tudo o que o meu sentir quer que eu escreva, assim sem nenhuma restrição e com total liberdade? Esse blog "Alegria" é agora esse espaço. Um espaço de liberdade, de expressão de tudo aquilo que sempre quis escrever mas achava que não podia...Um espaço em que eu possa expressar o tudo e o nada. Um espaço de alegria e de profunda conexão comigo mesma.