segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Choro

Eu sei. Tenho sido só choro nesses últimos tempos. Tento voltar aqui para a Alegria do Blog mas meu coração chora entrecortado pelas notícias despedaçadas. Me sinto feito papel que se desfaz na água e não sabe mais como virar inteiro de novo. Me sinto chuva inundando a mim mesma e é tanta a dor represada no peito que tudo transborda. E as lágrimas me desinundam.

Sei que todo mundo tem a sua hora de ir embora. Mas quando alguém que você ama muito tem o seu tempo reduzido é preciso resignificar a morte. Porque a que carrego em meu peito parece ser pesada demais para me adequar a esses novos ventos.


Percebo a dor nos olhos dos outros, o choro contido e escondido de cada um. A negação e a não aceitação de alguns. E sempre choro junto.

Quem sabe... Daqui a pouco viro rio.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Lua negra

Meus pés afundam nos pântanos de uma realidade sombria. Ninguém deseja a fatalidade ou a dor profunda de uma notícia sem volta. Sim, foi muito doloroso meu aniversário. Como queria que fosse como antes!

Ainda assim nas frestas do peito busco um vazio, um cantinho qualquer em que a alegria possa se adentrar. E é na dança, no samba de raiz, no requebrado do pé, dos quadris e no movimento vibrante da música que tenho buscado um sopro de vida. Pois meu coração parecia mais morto do que nunca.

A dança me traz a cor de volta ao rosto.

O mar, o sal, o sol me consolam mais uma vez.
É lá que respiro.

E você,
você me traz esperança de novos vôos:
de aventura a dois, de leveza da lua, de ventania na noite,
de abraço firme, de troca sem palavras.

De lua negra virando crescente.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Tela em branco

É duro. Duro saber que mais um aniversário se aproxima e que você talvez não vá lembrar. Mas não importa mãe. Vou estar ao seu lado te lembrando da vida que você me deu.

Olho ao redor e percebo uma família que se des - pe - ta - la (cada um da sua maneira). Já me despetalei mãe, diversas vezes nesses últimos dias e noites insones de montanha russa. Mas já sinto novas pétalas crescendo. É assim a natureza.

Sei que daqui para frente há montanhas a serem escaladas. Sei que não vai ser fácil (e já não está sendo). Mas não quero olhar só o desafio e sim a vida: pois você escolheu a Vida quando apesar de tudo resolveu ficar. E que bom mãe, poder ainda pegar na sua mão e sentir o cheirinho dos cremes que você adora passar na pele. Que bom poder te abraçar, beijar e ficar do seu ladinho.

Antes não tava bom para você, não é? Sentia sua fragilidade, seu choro e era insuportável não poder tirar o vazio do seu peito.

Quem sabe agora não nasce um novo jardim para você? Novas árvores, flores, pássaros. Do jeito que a sua imaginação de criança queria pintar. Vamos plantar juntas mãe. Essas sementes de orquídeas, girassóis, lírios, flores do campo...

Vamos pintar juntas. Te dou a tela em branco e você faz arte.