Nesse mundo fantasia me encontro.
Por favor me deixe por lá...
Lá sou marinheiro errante
Riso encantado no ar
Sou verde que não se cansa
Cantar que não seca
Me leve em tuas jangadas
com cheiro solto de mar
Quero viver nesse encanto de ondas:
lugar melhor não há.
Pois lá sou mulher de milagres
De estórias que nascem e voam
Lá nasço menina
E morro estrela.
Viro dança bailarina,
Música de anjo prata,
Olhar que pisca para dentro
E brinca de sonhar
terça-feira, 29 de setembro de 2009
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
Sorriso
Joana levava a vida a sério demais. Tudo parecia arrastado, tinha o peso de um elefante preto. Um dia uma flor lhe ensinou a rir. No início, aprendeu a rir de soslaio, sorria só pelos cantos da boca, cantos de um mundo escondido. Teve uma noite que sorriu até a barriga e aí não teve jeito... Veio o bom humor, a brincadeira, assim mesmo a luz de todos e mesmo com vergonha ela gargalhava, se afogava de tanto rir.
A vida de Joana passou a ser vento, riso pleno. Ela percebeu que não queria mais esquecer sua criança de dentro. A brincadeira, pensou ela, é a essência do sorriso. O alento para os desafios daqui; a alegria do alto mar.
A vida de Joana passou a ser vento, riso pleno. Ela percebeu que não queria mais esquecer sua criança de dentro. A brincadeira, pensou ela, é a essência do sorriso. O alento para os desafios daqui; a alegria do alto mar.
Gaivota
Nado, nado em um mar sem fim
Por vezes me perco nessa imensidão verde-água
Já a gaivota não.
A gaivota é certeira: mergulha feito espada em onda agitada
Gaivota corta o mar de ressaca atrás do que quer
Quando vem rajada de vento,
não luta contra
nem bate asas
simplesmente plaina,
vira equilibrista no ar.
Tente olhar a gaivota...
Ela mergulha profundo na água das emoções
Mas não fica por lá.
Não se afunda, nem se perde
Gaivota mergulha
E volta a voar
Leve como canção de ninar
Branca como luz de luar
Livre feito onda do mar
Quero ser gaivota: no ontem, no hoje, no que ainda não há.
Fotos: Jim Skea
sábado, 19 de setembro de 2009
Resgate das partes perdidas
Na separação, temos a sensação de ter deixado várias partes nossas com aquela outra pessoa. Acreditamos que ela se foi e com ela também o amor, a alegria, o calor daqueles momentos. A sensação é de que nunca mais vamos sentir aquilo tudo novamente simplesmente porque aquela pessoa já não está mais do nosso lado.
Eu tento me lembrar, nesses momentos da ida do outro, quando o coração choroso anda tocando melodias escurecidas, de que o Amor que senti por essa pessoa é meu. E se é meu, fica dentro do meu peito. Também a alegria, o calor e todos os sentimentos vividos na relação bateram dentro do meu peito, foram sentidos por esse coração daqui, que chamo de meu.
Pensando desse jeito, vou resgatando cada um desses sentimentos perdidos, como fios lunares que vão preenchendo meu peito murcho com as minhas próprias emoções resgatadas. A cada parte recuperada - que por um tempo achei estarem perdidas no mar do outro - o vazio vai sendo preenchido e o peito passa inflar com as emoções que voltam, uma a uma, para casa.
Viro então balão colorido, pleno, pronto para voar mais uma vez pelas frestas desconhecidas de um relacionamento a dois.
Ilustração: Irisz Agocs
terça-feira, 15 de setembro de 2009
Bicho do Mato
Sou bicho solto, livre
Sou bicho do mato.
Gosto dos pés na terra densa
Dos pés na areia sono
Do vento arisco que cavalga sem medo
entre meus fios brancos
Do sol que abrasa minha pele
Do mar refletindo meus olhos
Das ondas me fluindo em vai e vem
Quero voar alto feito canário amarelo
Quero ser sonho sem fim nem começo
Quero liberdade infinda
Voz sem tamanho
Quero ser estrela insondável
Brilhando na escuridão do tempo
Sou bicho do mato.
Gosto dos pés na terra densa
Dos pés na areia sono
Do vento arisco que cavalga sem medo
entre meus fios brancos
Do sol que abrasa minha pele
Do mar refletindo meus olhos
Das ondas me fluindo em vai e vem
Quero voar alto feito canário amarelo
Quero ser sonho sem fim nem começo
Quero liberdade infinda
Voz sem tamanho
Quero ser estrela insondável
Brilhando na escuridão do tempo
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Tanto
Entre encontros e desencontros
Vou me encontrando.
Ontem, no sorriso diurno
Hoje, em lágrimas silenciosas.
É tanto tear aqui dentro
que já nem sei quem eu era.
Me perco nesse Universo interno
vasto, fosco, nebuloso.
É Tanto redemoinho
que me toca
Tanta emoção
que transborda
Tanto sentir entrelaçado
TantoTantoTanto...
Que viro flor lânguida
derretida pelo
Sol do Amanhã
Vou me encontrando.
Ontem, no sorriso diurno
Hoje, em lágrimas silenciosas.
É tanto tear aqui dentro
que já nem sei quem eu era.
Me perco nesse Universo interno
vasto, fosco, nebuloso.
É Tanto redemoinho
que me toca
Tanta emoção
que transborda
Tanto sentir entrelaçado
TantoTantoTanto...
Que viro flor lânguida
derretida pelo
Sol do Amanhã
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Tom e Vinícius - o Musical
O musical "Tom e Vinícius" eleva a alma.
Saí de lá cantarolando, praticamente voando.
O espetáculo apresenta, entre as músicas desses mestres, momentos pincelados da vida de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Fala da amizade única entre esses dois poetas, músicos e virtuoses que amaram intensamente, mas que também tiveram seus momentos de crise, de separação, de tristeza. E no entanto era a partir de cada momento desses - cinza ou cheio de cor - que eles criavam as suas poesias, as suas próprias notas, o jeito, só deles, de se expressar.
Eu ri, chorei, cantei, me emocionei e senti profundamente ao ver partes da vida desses dois artistas - sem igual - sendo representada diante de mim, com suas músicas belíssimas e por vezes melancólicas. Através de momentos específicos da vida de cada um deles, eu me reconhecia, me enxergava e por isso sentia junto, amava junto.
Percebi então que quero viver a minha vida como Vinícius, amando intensamente e poetizando infinitamente. E como Tom Jobim, expressando minhas palavras com ternura, com alma em "Tom" Maior e compondo as mais belas melodias.
* E sobre Tom Jobim devo dizer que compôs as canções mais belas que já ouvi ( Salve o Cd Urubu!)
Saí de lá cantarolando, praticamente voando.
O espetáculo apresenta, entre as músicas desses mestres, momentos pincelados da vida de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Fala da amizade única entre esses dois poetas, músicos e virtuoses que amaram intensamente, mas que também tiveram seus momentos de crise, de separação, de tristeza. E no entanto era a partir de cada momento desses - cinza ou cheio de cor - que eles criavam as suas poesias, as suas próprias notas, o jeito, só deles, de se expressar.
Eu ri, chorei, cantei, me emocionei e senti profundamente ao ver partes da vida desses dois artistas - sem igual - sendo representada diante de mim, com suas músicas belíssimas e por vezes melancólicas. Através de momentos específicos da vida de cada um deles, eu me reconhecia, me enxergava e por isso sentia junto, amava junto.
Percebi então que quero viver a minha vida como Vinícius, amando intensamente e poetizando infinitamente. E como Tom Jobim, expressando minhas palavras com ternura, com alma em "Tom" Maior e compondo as mais belas melodias.
* E sobre Tom Jobim devo dizer que compôs as canções mais belas que já ouvi ( Salve o Cd Urubu!)
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Envelhecer
Na minha imaginação de menina achava que quanto mais velha ficasse, mais simples seriam as questões ou os porquês. Seria a influência dos contos de fada?
Eis que me surpreendo ao ver agora que, muitas vezes, quanto mais velhos ficamos mais pesada fica a carga emocional, maior é a mochila nas costas. Mais um término, mais uma dor, mais um sofrimento para dentro da caixa preta das emoções. Aquelas emoções que não queremos fazer contato.
Olho as caras sérias no metrô, depois de um dia de trabalho, e quase não vejo sorriso ou bem estar. A tensão, preocupação e o disco mental arranhado predomina na maioria dos rostos. E assim parece que vamos virando uma colcha de retalhos, cada vez mais gasta, sem cor, sem vida. Cadê a vida que estava aqui? Sumiu!
Como faço para envelhecer na leveza, sem tanto pesar? Sem negar que o sofrer existe, mas simplesmente me conectando com aqueles sentimentos mais elevados mesmo nas horas mais áridas?
Me recuso a deixar que essa minha colcha de retalhos desbote de vez! Posso ter que remendar um buraco aqui e outro ali, mas prefiro antes me queimar com essas cores ferventes, avermelhadas, intensas dos meus retalhos de agora do que ir seguindo anêmica, sentindo só pela metade - por puro medo e dores acumuladas - sendo só a metade amarelada de uma vida prisma que pode ser arco-íris multifacetado.Eis que me surpreendo ao ver agora que, muitas vezes, quanto mais velhos ficamos mais pesada fica a carga emocional, maior é a mochila nas costas. Mais um término, mais uma dor, mais um sofrimento para dentro da caixa preta das emoções. Aquelas emoções que não queremos fazer contato.
Olho as caras sérias no metrô, depois de um dia de trabalho, e quase não vejo sorriso ou bem estar. A tensão, preocupação e o disco mental arranhado predomina na maioria dos rostos. E assim parece que vamos virando uma colcha de retalhos, cada vez mais gasta, sem cor, sem vida. Cadê a vida que estava aqui? Sumiu!
Como faço para envelhecer na leveza, sem tanto pesar? Sem negar que o sofrer existe, mas simplesmente me conectando com aqueles sentimentos mais elevados mesmo nas horas mais áridas?
Eu escolho o arco-íris.
ilustracão: Irizs Agocs
Espelho
Sinto os pedaços de espelho - uns quebrados, outros redondos, diversas formas parafuso - que sereiam (como sereia!) dentro de mim. Vejo-me refletida nos outros ou seria eu reflexo dos outros? Reflexo escuro, difuso por vezes. Outras vezes enxergo meu próprio brilho no sorriso borbulhante do outro. Mas quando o outro vem com suas partes rachadas sinto falta dessa parte que também falta dentro de mim. Então, dói cá dentro e muitas vezes não quero ver esse outro em pedaços porque não quero sentir o vazio daqui.
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