terça-feira, 30 de junho de 2009

Quando o avião chega em Terra Brasilis...



Depois de longas horas no avião que vem de fora, ele finalmente pousa no Brasil. E toda vez que esse avião pousa por aqui, sinto-me sendo abraçada (mais uma vez!) por essa terra minha, colorida, cheia de sol e calor (em todos os sentidos). É como se uma onda de alegria tomasse conta de mim, trazendo pequenas lembranças afetivas de todas aquelas pessoas e lugares que senti falta.

Ainda no aeroporto, sinto aquele cheirinho de pão-de queijo que acaba de sair do forno: Ah! Que felicidade! A atendente da lanchonete é tão simpática que quase me emociona. É, realmente estou no Brasil.

Quanta saudade dessa terrinha querida!
Luz esplêndida: cheia de amor, cores, quentura e afeto para dar.

Não importa os países vividos... meu coração é daqui.

ilustração: Irisz Agocs

Queridas amigas

Aqui estou, lutando para não afundar no pântano das emoções, nadando pelas águas soturnas que insistem em me rodear.
E eis que surje aquela amiga com uma palavra amor,
um gesto simples, um "não desanime".

E também tem aquela outra amiga que naquele dia de perda profunda estava comigo e ficou durante toda a tarde ao meu lado porque não queria me deixar sozinha.

E tem aquelas amigas que falam: vamos dançar! Vamor rir!
E viram crianças comigo.
Tem outras que só escutam o choro e abraçam.
Tem aquelas que são meio mães.
Outras são quase "mestras" espirituais, tamanha sabedoria.


Todas essas amigas tem um jeitinho especial de ser.
Essas palavras são para todas elas que tem trazido claridade
num momento em que parece só ter escuro...
Aconchego na solidão, na perda e na saudade.
Amor quando tudo parece árido e sem sentido.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Aos poucos



Aos poucos, a vida sorri novamente.


Ainda dói...
Mas a cada dia ensolarado,
a cada cheiro de árvore doce
a força volta, vagarosa, feito raiz.

E posso alçar vôo mais uma vez.

ilustração: Irisz Agocs

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Dor de Mãe



Depois da morte da filha, a Dor daquela Mãe é um buraco negro de
imensidão incalculável.
É tanta dor que essas palavras tornam-se bestas por tentar traduzi-la.

O que fazer com essa Dor que cobre o espaço sideral? Aonde se agarrar? Em que borda segurar para não se afundar nessa lama desesperada? Para não sucumbir a capa escura, a loucura da noite que não enxerga mais o dia? Para aliviar o soluço e o tatear monocórdio da escuridão?


Nessa hora, Mãe - em que o Sem Sentido da vida se faz presente - te dou o meu abraço, meu colo e aconchego. Seco e compartilho suas lágrimas. Te dou todo Amor possível, pois quem sabe esse Amor não te alivia por apenas um segundo?

Te ofereço o sol, dentes brancos alegres, poesia que levanta, arte que acaricia e cura. Tento assim deixar vivo aquele pontinho no seu coração que resiste, e teima em acreditar que ainda existem estrelas nesse mundo.

ilustração: Nicoletta Ceccoli

sábado, 20 de junho de 2009

Duas faces da dor

Meu cabelo escureceu e também o meu humor.
Meu coração vaga sombrio pelos cantos.
Dor de perda
Dor de dor.

Ouvi dizer outro dia que a Dor e o Amor
são apenas faces opostas da mesma moeda.

Mas então como faço para ser apenas o meio da moeda?
Aquele centro que não é nem uma face nem outra?
Como faço para viver na essência... e não nas polaridades?


Como faço para doer menos? Para não chorar tanto?
Para sentir sem tanta intensidade.


Bálsamo de margaridas brancas talvez?
Banho de rio gelado? Canto de beija-flor açucarado?
Não sei bem...

No momento, estou quietinha,
tentando escutar tudo o que está dentro.`
As vezes ouço um alvoroço completo, um bater de asas ansiosas.
Outras vezes ouço só o Silêncio.

No Silêncio, por alguns minutos, é possível me sentir melhor.
Sinto um calor quente e aconchegante que vem de dentro.
Lava que vai cobrindo vagarosamente as feridas que sangram...
Quem sabe elas param logo de sangrar?
Algumas saram rápido, outras duram mais que uma vida.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Valentina virou estrela

Para Valentina, Tomás e Natasha

Valentina, você - pequenina como orvalho- passou por aqui como foguete voando no espaço, mas foi um cometa iluminando o nosso céu. E mesmo tendo ficado por tão pouco tempo, você despertou em nós um amor incomensurável. Antes de você nascer, eu nunca poderia imaginar que a vida podia habitar um corpo tão delicado e pequenino. Você, Valentina, foi a mágica da vida para mim. Aquela mágica que outras vezes já passou por mim despercebida.

Depois de toda a sua luta por aqui, você preferiu ir para o outro lado do arco-íris,onde virou uma estrela. Essa estrela-Valentina brilha mais que qualquer sol que conhecemos e nos desperta um amor nunca visto antes. Fico feliz em poder olhar para o céu e te ver lá brilhante, um diamante luminoso inundando tudo. Quando a saudade aperta demais é só olhar para você por um tempo- estrela única e mágica de nossas vidas - que logo é possível te sentir pertinho da gente. E então é como se você tivesse sempre aqui: nas estrelas risonhas dos nossos corações.

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ilustrações: Irisz Agocs

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Pequenina como Fada

Para minha afilhada, Valentina

Meu coração se despedaça - feito papel na água- ao sentir a dor profunda desses que amo tanto. Minha afilhadinha e sobrinha, mal chegastes ao mundo, tão pequenina como fada e tão árdua já é sua luta. Queremos tanto que você fique por aqui, para comer pirulito colorido de caracol com sua Dinda e ver pipoca dourada estourar na panela. Para que eu possa te mostrar o pôr do sol que me deixou sem ar hoje. E que você possa correr saudável no jardim de roseiras melosas, aprendendo a tropeçar, a rir e a pegar na mão.

Ao escrever para ti lágrimas de sal encharcam tudo. A incerteza do Agora atormenta todos nós e faz cada minuto parecer uma ressaca turva sem fim...Por isso, para amaciar o duro e a dor te escrevo palavras de amor. Amor leve feito bexiga de criança. Te envio a alegria-amor de estourar bolinhas de sabão, de enxergar o brilho arco-íris de um cristal, de sentir a doçura do algodão-doce rosa que derrete na boca e deixa saudade.

Águas Escuras

Para minhas sobrinhas e família

Por águas escuras temos passado por aqui, nessa Terra do Norte. Cada notícia importa, cada sinal de melhora é um gritinho, um choro de emoção. É o sopro da vida na luta contra o Não. O começo- de quem mal começou- lutando contra o fado assombrador da morte. Hoje tivemos mais uma vitória da Esperança.

Quem sabe aquele Tango logo não começa a tocar? E assim, logo logo minhas sobrinhas poderão correr soltas pela grama verde do "great lawn" (como dizem os nova-iorquinos de nariz em pé).
Poderão laçar cavalos alados ou ser talvez bailarinas rosadas, cheias de tule... Não vejo a hora de escutar esse Tango.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Primeiro Amor

Sabe aqueles amores como folha de outono? É como cabelo loirinho de bebê, pólen de flor amarela, roupa secando no varal. É como cheirinho de comida caseira na panela, o primeiro raiar de um dia de verão.

É o filho que nasce.
O amor de mãe que cobre o filho.
O pai que seca a lágrima de emoção.

É o amor que encanta e move o mundo

Dois Amores



Tem uns amores que chegam intensos, relampejantes. É a conexão imediata, labareda que invade e toma conta, sem eu me dar conta. Mas tem outros que vem macios como bochechas de menina; açucarados feito casadinhos.


Queria descobrir a receita para fazer desses dois amores - 2- um só.
Unindo o arrebatamento com a candura.
O toque suave com o apaixonar louco, sem limites .
Seria o romance do sol com a boca da lua.
O mar de ressaca com o som do vento.
A textura da pele com o cheiro que acolhe.
O piscar dos olhos com a língua da boca.

ilustração: Irisz Agocs